No ano passado viviamos no centro e festejamos no coração da cidade. As sardinhas e os pimentos foram assadas na varanda, mesmo por cima da rua e o jardim da Cordoaria era o nosso único jardim.
Ontem as brasas acenderam-se no jardim cá de casa e para a festa com Martelos desceu-se até à baixa.
Neste bairro quase todas as casas têm quintal, mesmo assim, nesta noite o fogão dá lugar ao fogareiro e há quem prefira pôr a mesa na rua e fazer do passeio a sala de estar. A rua é enfeitada a preceito e sorrimos a quem passa porque nesta noite fomos todos convidados para a mesma festa.
Quando eu tinha a idade da M não se montavam palcos na Avenida, nem se esperavam milhares de pessoas para assistir ao S. João. Havia menos gente e muito mais espaço.
Havia espaço para de mãos dadas entre amigos e estranhos, se fazerem cordões de gente que corria em rusgas da baixa à Boavista e depois para a Foz onde se "morria" na praia.
Naquela altura havia espaço e tempo para fazer nascer paixões e promessas de amor eterno. Agora ouço as histórias dela e vejo que tudo continua igual, até o brilho que lhe baila nos olhos.
É a noite mais bonita do ano e a mais comprida, aquela em que o tempo se estende da baixa até à praia.
Nesta casa não há Santos mas temos um padroeiro e continuam a acontecer milagres, amores eternos tenho os meus e no S. João continuo a festejá-los.
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