Querer é Fazer

08 setembro 2015























Este mini Adufe veio parar-me às mãos pois alguém se lembrou de mim na hora de o deitar fora.

Não me incomoda que pensem em mim em alturas como esta, alturas em que cabe escolher para decidir. Pode ser difícil desfazer-mos-nos de pertences e pensarmos uma e duas vezes antes de os deitar definitivamente ao lixo, é mudar o destino dum objecto, neste caso foi tirá-lo da condição de inútil.
Colocaram-me entre esses dois momentos, se entre um e outro me vierem parar às mãos mais objectos como este, não me importo desta minha situação temporal aliada ao meu lado respigador.

Durante uns tempos ficou pousado em cima dum móvel e com certeza que passar por ele tantas vezes acabou por me permitir vê-lo sobre várias perspectivas, inclusive a de manta. Tem a forma dos quadrados que muitas vezes uso na construção das minhas mantas e os pompons que me remetem  para um universo infantil que me agrada.
A escolha das lãs passou pela vontade de experimentar algumas que ainda não conhecia, como a Zagal e as que normalmente são usadas nos tapetes de Arraiolos, com uma paleta de cores tão grande que é difícil não querer trabalhá-las todas. Testar fios tradicionalmente usados para um determinado fim, como estes usados para bordar os tapetes de Arraiolos, era uma ideia em que andava a matutar há muito.

Gosto de contrariar a ideia de que tudo o que é destinado a crianças tem de ser macio, delicado e "fofo".
Nem sempre a lã é macia, mas é uma fibra natural, não causa alergias, permite uma transpiração normal e necessária à pele e é mais quente do que qualquer outra fibra sintética.
É tão delicada com são as ovelhas donde provém e nada pode ser mais delicado para manter em contacto com a pele dum bebé, do que um produto tão puro e que não recorre a químicos para o tornarem artificialmente macio.
Quanto a fofo, é um adjectivo que me causa arrepios, tanto como o contacto com as fibras sintéticas.

A Manta é espessa e quente e serve ao mesmo tempo de tapete, se quisermos colocar o bebé deitado no chão. 

Se foi possível olhar para um Adufe e criar uma Manta, porque seria menos provável olharem para uma manta e imaginarem uma Gola?

Depois de me contactarem com essa dúvida e esta declaração: "I leave the creation totally up to you:-) Oh yayyy, I do look forward to having your work warming my neck!"
(fossem todos os pedidos nestes termos e seria sempre um prazer trabalhar por encomenda), a resposta foi a única que poderia ser!
Numa curta troca de mensagens foi possível acertar tudo, combinando a substituição de algum "fio de Arraiolos", apenas uma pequena parte, por uma outra lã da mesma cor, mas menos rígida e mais confortável para usar à volta do pescoço.

Querer é Fazer e neste caso bastou encomendar, a peça está prestes a nascer e em breve irá a caminho de Singapura.

A partir do mesmo Adufe muitas outras peças poderão surgir, não só a forma, mas também a musicalidade são inspiradoras, é possível rolongar-lhe a vida além da função de instrumento, acrescentando novas histórias à sua. 

2 comentários :

  1. Bom dia! The blanket is beautiful and i like the pompons on the edges!

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  2. Thank you and looking forward:-)

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