Esta bola de retalhos é do meu irmão, eu nunca cheguei a ter uma e queria, mas as brincadeiras juntos e a partilha amenizaram a "inveja" que lhe nutria (à bola).
Não parece, mas tem quase 40 anos e resistiu a tudo o que duas crianças se lembram de fazer com um brinquedo, aparentemente frágil, nas mãos e nos pés.
O tempo passou e a Bola ficou guardada juntamente com os brinquedos de infância que mais nos marcaram. A mim, entre outros, marcou-me um brinquedo que não era meu.
Lembro-me de ter sido comprada numa Feira a uma senhora que as fazia, nos intervalos das mantas de retalhos.
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Há poucos meses quando o meu avô faleceu e começamos a arrumar as suas roupas, deparamo-nos com uma série de camisas de flanela aos quadrados, as preferidas dele, e ao pensar no uso que lhes podíamos dar lembrei-me de lhes reaproveitar o tecido e daí a chegar à bola de retalhos foi um "pontapé".
Entusiasmou-me a ideia de saber que o último bisneto nascido e que ele não chegou a conhecer e outros que cheguem entretanto, poderão um dia jogar à bola, não com o bisavô Júlio, mas com uma bola feita de pedaços das camisas que ele usou.
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Procurar o método mais adequado para a construir, decidir cosê-la à mão (em vez de recorrer à máquina) determinar o tamanho, nem pequena demais nem demasiado grande para que umas mãos pequeninas a possam segurar, escolher tecidos de algodão e flanelas
e conseguir recriar um brinquedo tão tradicional e vulgar na minha geração deu-me tanto gozo que me lembrei que talvez mais gente estivesse interessada em aprender a fazer um brinquedo tão simples. Recorrendo apenas a uma agulha de coser, linha, enchimento e restos de tecidos.
Em Maio vou ser uma das formadoras dos Workshops da Mariamélia, vou ensinar quem quiser aprender, a fazer uma Bola de Retalhos.
Podem consultar toda a informação sobre o Workshop, aqui.
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