Fão

As estacas já foram arrancadas ao rio e agora só voltarão a ser colocadas para o ano, quando se der início a uma nova época. Esta lampreia comprada aqui, em Abril passado, foi cozinhada por mim, à Bordaleza, num almoço em que festejamos o meu aniversário. Uma tradição que começou quando viemos para aqui viver e se tem mantido. Esposende já foi uma localidade essencialmente piscatória, actualmente a frota de barcos e pessoas que fazem da sua profissão a pesca, está reduzida a  mais ou menos uma dúzia que continua a lutar contra as más políticas no sector, praticadas neste país, e com um problema físico da foz, a barra, causadora de enormes dificuldades na saída e entrada do mar. A época da Lampreia é para muitos deles uma oportunidade única, no ano inteiro, de arrecadar algo mais a juntar aos baixos orçamentos familiares.

As Clarinhas, outra das especialidades de Fão, encontram-se em todas as confeitarias e várias as reclamam como sendo sua a receita original, não sei quais são as originais, mas estas são sem dúvida as nossas preferidas. Já aqui falei delas e não tiro nenhuma vantagem nisso, mas quando provamos um doce destes e passados tantos anos continuamos a descobrir nele todos os sabores que nos deliciaram na primeira vez que o provamos, acho que a referência é merecida.

Há doze anos atrás, de Fão, além duma caixa de Clarinhas que me mataram um súbito desejo pós parto, trouxe nos braços a minha filha, uma pessoa especial e o azul de Fão, trouxe-o ela, nos olhos.