Há uns dias que estamos fora da nossa casa, que por agora está alugada. Foi uma mudança de ambiente e de rotinas, para nós as duas e para o gato, que se vê confinado (para evitar encontros agressivos com a cadela da casa) a um quarto e a um pátio. De todas as mudanças, a única positiva para ele, foi ter conseguido travar amizade com os dois gatos do lado, o Gastão um jovem adulto como ele e a Simone, adoptada há pouco tempo e que ainda procura o corpo da mãe no do Gastão, que ao deixá-la fazer de conta que mama, mostra ser um macho cheio de capacidades paternais.
Quem tem gatos e conhece bem os cães (é o meu caso que já tive um serra da Estrela, traçado com Castro Laboreiro) sabe bem o quão diferentes são os seus comportamentos e o modo como encararam a vida, a deles e a nossa.
Quando encontramos o Manu na rua e o decidimos acolher, sabíamos que seria mais um membro na família, com tudo de bom e mau que isso traria. Foi uma adopção mais do que consciente e responsável.
Já várias vezes, entre nós, questionamos como seria a nossa vida sem ele e é comum o sentimento de que a perda dele seria o equivalente à perda dum parente muito querido.
Ontem vimo-nos de repente confrontados com essa perda, ou com a hipótese dessa perda ser efectiva. Depois de passarmos toda a tarde a pensar que ele estaria na casa da vizinha, já que agora o que o faz acordar-nos às 6h da manhã, são as tentativas dele abrir a porta para ir ter com os outros gatos, já era noite quando percebemos que afinal não estava lá. Não estava lá nem em lado nenhum.
Percorremos todo o quarteirão, debaixo de chuva miudinha e com um aperto no peito. Deitamo-nos com o despertador marcado para as 6h e com a esperança que a madrugada trouxesse boas notícias.
As duas, em cima dum escadote, com os olhos postos no quintal da vizinha, depois de já ter andado pela ruas, ainda em silêncio e desertas, ficamos aliviadas quando depois dos primeiros chamamentos o ouvimos a miar. Percebemos que seríamos capazes de distinguir o miado dele no meio dum milhão de gatos. : )
As duas, em cima dum escadote, com os olhos postos no quintal da vizinha, depois de já ter andado pela ruas, ainda em silêncio e desertas, ficamos aliviadas quando depois dos primeiros chamamentos o ouvimos a miar. Percebemos que seríamos capazes de distinguir o miado dele no meio dum milhão de gatos. : )
Ainda em camisa de noite a vizinha abriu-nos a porta e foi o reencontro cinéfilo que se pode imaginar.
Depois de o ver esvaziar a malga da comida e da água, apesar de já ter bebido a da chuva num vaso do pátio, dormimos enroscados o sono dos justos, o nosso e o dele.
...
Ontem cheguei a questionar-me que se algo de mal acontecesse com ele (e foram várias as hipóteses que me apareceram em pesadelos), talvez decidisse não ter mais nenhum animal. E não digo de estimação intencionalmente. Não lido bem com a perda e ultimamente tenho sofrido algumas, mas se não é fácil perder um amor na vida, acredito que será bem pior vivê-la sem amor.
Relações amorosas como estas que criamos com os nossos animais, podem parecer ridículas só aos olhos de quem nunca as viveu. Realmente este post só fará sentido a quem sabe o que é lidar com a personalidade única de cada animal, aguentar as suas manias, aprender a traduzir a sua linguagem, rir com as palermices, refilar com os mais que muitos disparates, sofrer com as suas dores, sorrir quando o apanhamos em flagrante, sentirmo-nos acarinhados quando se aninha em nós para dormir, desprezados quando nos ignora e tudo o que cada um faz e que só nós conhecemos, porque são todos diferentes, apesar de serem todos iguais.
...
Foi muito bom ver a Maria sorrir aliviada ao perceber que tudo estava bem e que a promessa que lhe tinha feito na véspera, que faria tudo por tudo para o encontrar, se tinha realizado.
Foi ainda melhor, ouvir a minha filha dizer, É mesmo verdade que às vezes não damos conta da felicidade e ela está mesmo ao nosso lado.
Depois de o ver esvaziar a malga da comida e da água, apesar de já ter bebido a da chuva num vaso do pátio, dormimos enroscados o sono dos justos, o nosso e o dele.
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Ontem cheguei a questionar-me que se algo de mal acontecesse com ele (e foram várias as hipóteses que me apareceram em pesadelos), talvez decidisse não ter mais nenhum animal. E não digo de estimação intencionalmente. Não lido bem com a perda e ultimamente tenho sofrido algumas, mas se não é fácil perder um amor na vida, acredito que será bem pior vivê-la sem amor.
Relações amorosas como estas que criamos com os nossos animais, podem parecer ridículas só aos olhos de quem nunca as viveu. Realmente este post só fará sentido a quem sabe o que é lidar com a personalidade única de cada animal, aguentar as suas manias, aprender a traduzir a sua linguagem, rir com as palermices, refilar com os mais que muitos disparates, sofrer com as suas dores, sorrir quando o apanhamos em flagrante, sentirmo-nos acarinhados quando se aninha em nós para dormir, desprezados quando nos ignora e tudo o que cada um faz e que só nós conhecemos, porque são todos diferentes, apesar de serem todos iguais.
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Foi muito bom ver a Maria sorrir aliviada ao perceber que tudo estava bem e que a promessa que lhe tinha feito na véspera, que faria tudo por tudo para o encontrar, se tinha realizado.
Foi ainda melhor, ouvir a minha filha dizer, É mesmo verdade que às vezes não damos conta da felicidade e ela está mesmo ao nosso lado.
Entendo-te tão bem...Fico muito contente com o regresso do Manu! Gosto cada vez mais de te ler :)
ResponderEliminarObrigada Catarina, também gostava de te ler... quando voltas ao blogue? : )
EliminarFico muito contente por tudo ter acabado bem!
ResponderEliminarEu tive uma cadela durante toda a minha adolescência, e apesar de ela ter morrido há mais de 10 anos, a coleira dela ainda mora na minha secretária. olho para ela todos os dias...
Todos os amores bonitos se tornam inesquecíveis. ; )
EliminarGostei de te ler. Um beijo.
ResponderEliminar;)))) Que sufoco e que alívio! Eu tenho uma gata e está na fase de adaptação à casa e ao bairro, que medo que tenho de deixá-la sair pela primeira vez aqui. Também já pensei isso - de nunca mais ter gatos -, mas se eles aparecem na minha vida, é difícil fechar-lhes a porta.
ResponderEliminarFeliz com o final feliz do pequeno drama desse amor bonito!
Ai que aperto no peito ao ler este post... e que alivio! Ainda bem que tudo acabou bem,um abraco apertadinho
ResponderEliminarEste texto é maravilhoso. Acertou-me no coração. *
ResponderEliminarObrigada Raquel. De certeza que tens um coração bem preenchido!
Eliminar: )