Uma casa, mais uma entre tantas por que passamos nas ruas da cidade e admiramos a fachada e nos perdemos a imaginar o que haverá por trás dos azulejos meio soltos, daquelas janelas sem cortinas e o que guardarão aquelas portas acorrentadas.
Quando se entra encontra-se um mundo desconhecido, que não nos pertence mas que já pertenceu a pessoas como nós que ali habitaram e deixaram tantas marcas, nas paredes, nas louças que usavam, nos móveis, nos livros que liam. É inacreditável como quando partimos tudo perde o seu sentido, o que outrora foram tesouros torna-se lixo ao olhos de agora e vice-versa. Tantos bens deixados para trás e desprezados por quem de direito os devia preservar.
Estas casa têm alma, a memória dos que lá viveram, possível de se interpretar nos vestígios, nas pistas e referências que restaram e nos fazem criar retratos, às vezes tão nítidos como fotografias.
Em comum a tristeza do abandono e a desconcertante beleza que sempre se encontra nesta profunda degradação destes corpos que envelhecem, na sua maioria com muito pouca dignidade.
Acrescentaria que mais do que terem corpo têm alma. As casas abandonadas sempre me suscitaram interesse, infelizmente nem sempre tenho coragem de entrar, por mais que me apeteça, mas merecem toda a nossa reverência...
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