Dias maus duram até à noite

14 maio 2014



Em nova usava-o comprido, muitas vezes apertado numa trança que lhe corria pelas costas. Era loiro e combinava com a pele clara e sardenta. Depois de casar e de chegarem os filhos (tal momo eu) começou a tê-lo mais curto, mais prático, como se alguma vaidade que tivesse existido, fosse agora transferida para algo muito mais importante e que merecesse realmente toda a sua atenção e dedicação e não houvesse tempo a perder com mais nada, nem mesmo com isso.
Não teve muito tempo para se restabelecer, dois anos não foram suficientes para repor as forças e a energia que viu consumirem-lhe o corpo todo. Apesar do alívio que, na altura, lhe trouxe o resultado dos exames e o ver-se menos obrigada a uma luta que por vezes se sente ser desonesta, a ameaça continuou presente, não deu espaço para relaxar.
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Esta semana, anteontem, sentou-se tranquilamente numa cadeira do quarto dela e pediu-me para lhe cortar o cabelo.

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