Deixo-me dislumbrar facilmente, às vezes por coisas e detalhes que a muitos poderão não dizer grande coisa, mas para mim contam histórias ou fazem-me inventá-las, duma forma tão intensa que não consigo que me passem despercebidas.
Uma das razões é remeterem-me à infância na aldeia, com um avô carpinteiro de quem ainda recordo a importância que dava ao pormenor nos trabalhos que executava. Podia ser a fazer bancos, carros de bois, mesas de ferramentas ou a dirigir a parte de carpintaria da obra de restauro da Igreja Românica de S. Pedro de Rates, o empenho era o mesmo.
Arranjar uma fechadura podia ser um desses trabalhos menores, mas o zelo estava lá e quando os recursos não são muitos a imaginação, essa, torna-se imensa e dá azo a fechos, ferrolhos, trincos, traves, trancas, um cem número de formas de fechar uma porta sem que na maior parte das vezes seja necessário recorrer a uma chave.
É um fechar diferente, simpático, implica confiança no outro, simples, convidativo, porque no fundo a vontade que temos é a de entrar.
Eu posso entender isso. Meu pai era um carpinteiro Mia S xx
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