Asas

19 maio 2010























Lembro-me duma medalha que tinha, pendurada na cabeceira da cama, com um anjo a guardar uma criança. Nunca fui devota, nem tive qualquer educação religiosa, mas em pequena aquele anjo, ali por perto, tinha qualquer coisa que me tranquilizava. Quando cresci tirei a medalha, se calhar pensava que já não precisava de protecção, muito menos divina. Um dia destes, num daqueles recadinhos, que troco de vez em quando com a minha filha, fiz-lhe este desenho, em vermelho vivo. Tempos depois, transformei o mesmo desenho num alfinete, era como uma declaração de amor. Só depois me lembrei da medalha, afinal, estas asas representavam para mim o mesmo sentimento de protecção, as asas que rodeiam, que acolhem, que aconchegam... Pensei que se calhar mais pais que, como eu, acreditam mais neles do que em entidades que não conhecem, gostariam de colocar no berço, ou na cama dos filhos, algo que quando olhassem os fizessem lembrar de nós, os que cá estamos, para eles, sempre de braços abertos.

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